O meu filho vai ser Doutor. Ou Cantor? Talvez ele queira ser apenas ele mesmo.
A criança nasce e a história começa: “vai ser igual ao pai…”, “vai ser doutor…”, “vai ser engenheiro…”, “vai ser…o que a sociedade quer que ele seja”, “vai ser… algo que dá dinheiro”(como se não fosse possível ganhar dinheiro em qualquer atividade).
Chega a hora de pensar na carreira e a história continua: “vai trabalhar para ganhar dinheiro”, “isso não dá dinheiro”, “vai fazer engenharia porque está bombando”, “olha o filho do vizinho, vai virar doutor”, “vai ser servidor público federal”, “olha como ele se veste”, “você precisa mudar o seu jeito para conseguir algo na vida”…
Nunca vi alguém perguntar a um jovem o que ele quer verdadeiramente fazer da própria vida, sem esperar uma resposta pronta. Se escolhe algo que de acordo com as regras sociais “não dá dinheiro” ou não está de acordo com o que esperavam dele, está criado o problema.
A repressão leva a escolhas frustradas. Depois de um tempo esse mesmo jovem estará trabalhando em algo que não faz sentido para ele e não saberá o motivo disso.
Como nunca o ensinaram a se questionar, ele ficará buscando as respostas para a infelicidade trocando de emprego, esperando um aumento de salário ou em qualquer outra coisa externa. E a resposta nunca virá.
A pergunta que pode causar um pedido de demissão: “por que você faz o que faz?”. Essa mesma pergunta pode fazer um jovem mudar de ideia na escolha da carreira.
Provavelmente você já ouviu falar em alguém que se formou para entregar o diploma para os pais e depois decidiu fazer outra coisa da vida. Provavelmente essa pessoa se questionou sobre o que estava fazendo. Ainda assim quis satisfazer o ego da família dando-lhes um canudo de presente para depois poder se libertar.
Há alguns dias eu atendi um jovem que estava fazendo vestibular e não conseguia se sentir calmo ao fazer a prova. Já tinha sido reprovado várias vezes. A primeira pergunta que eu fiz foi “por que você quer fazer o curso que escolheu?”.
Não havia resposta. Ele nunca havia se perguntado sobre isso. É possível que essa pergunta o faça mudar os planos. Ou não. Mas o fato é que essa pergunta gerou um desconforto instantâneo.
Todo jovem deveria ter a oportunidade de passar por um processo de autoconhecimento antes de começar a pensar na carreira. A longo prazo isso seria capaz de mudar o astral do planeta inteiro.
Há algum tempo eu ouvi alguém que queria abrir uma padaria, mas não tinha se perguntado se gostava de acordar cedo. Outro que queria fazer medicina, mas não podia ver agulha.
Depois vemos a estatística mostrando que 87% das pessoas no mundo estão em um trabalho que não gostariam de estar e nos perguntamos: como isso é possível?
A resposta está aí em cima.
Enfim, se eu tiver que deixar uma única coisa aqui neste artigo, é a pergunta: “por que você faz o que você faz?” ou “por que você quer fazer o que você diz que quer?”.
Se a resposta estiver fora de você, pode ser que você esteja no caminho errado.
* Rafael Recidive é coach e ajuda as pessoas a serem felizes no trabalho através do autoconhecimento. Para me conhecer melhor, clique AQUI.